Marcelo Sant'Ana - Colunista Correio da Bahia
A Cidade Tricolor, futuro
centro de treinamento do Bahia, tem previsão de ficar pronta entre março
e abril de 2013. É provável que poucos jogadores com menos de 14 anos
treinem por lá. No futuro, as categorias abaixo do infantil (14 e 15
anos), como o mirim, o fraldinha e o dente de leite, vão deixar de
existir.
A afirmação é minha, e não do diretor da divisão de base do Bahia, Newton Mota.
Em vez de caçar candidatos a craque cada dia mais jovens, é outro o pensamento do gestor de futebol Paulo Angioni e do técnico do time B Chiquinho de Assis. “A maioria dos clubes ainda forma o jogador no cabresto. O jogador, desde cedo, não desenvolve todas as habilidades. E, a partir dos 14, 15 anos, é obrigado a vencer os campeonatos”, disse Chiquinho de Assis, durante o evento “O novo não é aposta”, promovido pelo Bahia na segunda-feira - Mota estava viajando e não participou.
Hoje, a percepção da diretoria é que existe um gasto excessivo na formação de jogadores que, no futuro, não são úteis aos profissionais, pois terminam dispensados já na transição para o juvenil e o júnior. “O foco tem que ser trabalhar categorias mais enxutas e dar um acompanhamento maior”, falou Chiquinho.
É uma tática já adotada no Internacional, considerado modelo na formação de atletas. “Com a divisão do juvenil em A e B e também do júnior em A e B, temos 80 jogadores, enquanto a maioria dos clubes trabalha com 40, 50 nestas categorias”, comparou o técnico do Inter B, Osmar Loss. “Talvez o Damião não estivesse no Inter se não tivesse passado pelo projeto”. Leandro Damião chegou ao Inter já com 19 anos e sem ter sido lapidado na divisão de base, pois jogava na várzea.
A trajetória é semelhante à de Gabriel, que trocou os campos da Ribeira pelo Fazendão aos 20 anos. A criação do Bahia B (que alguns chamam de sub-23) é consequência desta nova filosofia no trabalho da divisão de base. "É para qualificar ainda mais”, reforçou Angioni.
Do elenco atual, os laterais Madson e Jussandro e o meia Gabriel fizeram essa transição após o júnior. Já o volante Hélder foi contratado após testes na equipe de baixo. E o time B também auxilia os profissionais ao dar ritmo a quem volta de período parado, como nos casos Jéferson, Caio e Cláudio Pitbull.
A tática de trazer promessas mais velhas é reflexo do mercado mais competitivo. Pela legislação brasileira, o jogador só assina contrato como profissional a partir dos 16 anos (e por um período máximo de três anos. Ou por até cinco anos, a partir dos 18 anos). Como a lei já tem mais de uma década e não dá sinais de mudança, pelo contrário, a saída é rever a formação.
“Mentalmente, um garoto que chega ao clube aos 10, 11 anos, quando faz 20 anos, já está cansado. São 10 anos competindo”, analisou Angioni. “Também tem outros aspectos, como o convívio familiar prolongado, a educação”, enumerou o gestor.
O craque do futuro será um jogador que teve a infância para “brincar de bola” e só depois foi apresentado a sistemas táticos. Primeiro voltou a exercitar a liberdade criativa, fundamental para um drible, e só depois entendeu do jogo coletivo. Vai passar mais tempo em escolinhas, fora dos muros, mas não dos olhos dos clubes.
A preocupação do Bahia está em resgatar características que ficaram no passado. É voltar a ter jogadores adaptáveis, inteligentes, criativos e até com características únicas. O Bahia quer jovens com talento, porém vividos, testados, aperfeiçoados.
As futuras promessas serão adolescentes com noção do que é a vida e o mundo, e não mais uma criança dentro do negócio. Vai chegar ao clube com muitos sonhos, porém já sabendo o que é vaidade, dinheiro, disputa. Vai saber que o fracasso existe e que o futebol não é a única coisa, embora seja a maior paixão.
A afirmação é minha, e não do diretor da divisão de base do Bahia, Newton Mota.
Em vez de caçar candidatos a craque cada dia mais jovens, é outro o pensamento do gestor de futebol Paulo Angioni e do técnico do time B Chiquinho de Assis. “A maioria dos clubes ainda forma o jogador no cabresto. O jogador, desde cedo, não desenvolve todas as habilidades. E, a partir dos 14, 15 anos, é obrigado a vencer os campeonatos”, disse Chiquinho de Assis, durante o evento “O novo não é aposta”, promovido pelo Bahia na segunda-feira - Mota estava viajando e não participou.
Hoje, a percepção da diretoria é que existe um gasto excessivo na formação de jogadores que, no futuro, não são úteis aos profissionais, pois terminam dispensados já na transição para o juvenil e o júnior. “O foco tem que ser trabalhar categorias mais enxutas e dar um acompanhamento maior”, falou Chiquinho.
É uma tática já adotada no Internacional, considerado modelo na formação de atletas. “Com a divisão do juvenil em A e B e também do júnior em A e B, temos 80 jogadores, enquanto a maioria dos clubes trabalha com 40, 50 nestas categorias”, comparou o técnico do Inter B, Osmar Loss. “Talvez o Damião não estivesse no Inter se não tivesse passado pelo projeto”. Leandro Damião chegou ao Inter já com 19 anos e sem ter sido lapidado na divisão de base, pois jogava na várzea.
A trajetória é semelhante à de Gabriel, que trocou os campos da Ribeira pelo Fazendão aos 20 anos. A criação do Bahia B (que alguns chamam de sub-23) é consequência desta nova filosofia no trabalho da divisão de base. "É para qualificar ainda mais”, reforçou Angioni.
Do elenco atual, os laterais Madson e Jussandro e o meia Gabriel fizeram essa transição após o júnior. Já o volante Hélder foi contratado após testes na equipe de baixo. E o time B também auxilia os profissionais ao dar ritmo a quem volta de período parado, como nos casos Jéferson, Caio e Cláudio Pitbull.
A tática de trazer promessas mais velhas é reflexo do mercado mais competitivo. Pela legislação brasileira, o jogador só assina contrato como profissional a partir dos 16 anos (e por um período máximo de três anos. Ou por até cinco anos, a partir dos 18 anos). Como a lei já tem mais de uma década e não dá sinais de mudança, pelo contrário, a saída é rever a formação.
“Mentalmente, um garoto que chega ao clube aos 10, 11 anos, quando faz 20 anos, já está cansado. São 10 anos competindo”, analisou Angioni. “Também tem outros aspectos, como o convívio familiar prolongado, a educação”, enumerou o gestor.
O craque do futuro será um jogador que teve a infância para “brincar de bola” e só depois foi apresentado a sistemas táticos. Primeiro voltou a exercitar a liberdade criativa, fundamental para um drible, e só depois entendeu do jogo coletivo. Vai passar mais tempo em escolinhas, fora dos muros, mas não dos olhos dos clubes.
A preocupação do Bahia está em resgatar características que ficaram no passado. É voltar a ter jogadores adaptáveis, inteligentes, criativos e até com características únicas. O Bahia quer jovens com talento, porém vividos, testados, aperfeiçoados.
As futuras promessas serão adolescentes com noção do que é a vida e o mundo, e não mais uma criança dentro do negócio. Vai chegar ao clube com muitos sonhos, porém já sabendo o que é vaidade, dinheiro, disputa. Vai saber que o fracasso existe e que o futebol não é a única coisa, embora seja a maior paixão.
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